A vacina contra o HPV é uma das principais inovações da medicina preventiva nos últimos anos. Indicada para adolescentes, jovens e até alguns adultos, ela é uma poderosa ferramenta de prevenção contra o câncer.
Mesmo assim, ainda há muita desinformação e dúvidas sobre seu uso, eficácia e segurança.
Neste post, você vai entender o que é, para que serve a vacina HPV, quem deve tomá-la, quais doenças ela previne, e por que ela é essencial para a saúde pública e individual, especialmente de meninas e meninos antes do início da vida sexual.
O que é o HPV?
HPV é a sigla para Papilomavírus Humano, um grupo com mais de 200 tipos de vírus que infectam a pele e as mucosas. A infecção pelo HPV é considerada a doença sexualmente transmissível (DST) mais comum no mundo.
A maioria das pessoas entra em contato com o vírus em algum momento da vida, especialmente nos primeiros anos de vida sexual ativa. Em grande parte dos casos, o sistema imunológico elimina o vírus naturalmente, sem causar sintomas.
No entanto, alguns tipos de HPV são oncogênicos, ou seja, podem causar câncer, principalmente:
- Câncer de colo do útero (cervical)
- Câncer de vulva e vagina
- Câncer de pênis
- Câncer anal
- Câncer de orofaringe (garganta, boca, laringe)
Outros tipos não causam câncer, mas são responsáveis por verrugas genitais, que são incômodas, de difícil tratamento e de fácil transmissão.
Para que serve a vacina HPV?
A vacina contra o HPV tem como principal objetivo prevenir infecções causadas pelos tipos mais perigosos do vírus, especialmente os que causam câncer.
Ela não trata infecções já existentes, mas sim impede que a pessoa se infecte ou desenvolva doenças associadas ao HPV no futuro.
Tipos de HPV cobertos pelas vacinas:
Existem dois tipos principais de vacinas contra o HPV:
- Bivalente (Cervarix): Protege contra os tipos 16 e 18 – responsáveis por cerca de 70% dos casos de câncer de colo do útero.
- Quadrivalente (Gardasil): Protege contra os tipos 6, 11, 16 e 18 – prevenindo tanto o câncer quanto as verrugas genitais.
- Nonavalente (Gardasil 9): Protege contra nove tipos de HPV, oferecendo proteção mais ampla. Ainda não disponível na rede pública no Brasil, mas autorizada para uso em alguns países.
No Brasil, o SUS disponibiliza a vacina quadrivalente, que já oferece ampla proteção contra os tipos mais comuns e perigosos do HPV.
Quais doenças a vacina HPV previne?
A vacina HPV é capaz de prevenir:
- Câncer do colo do útero (o terceiro tipo de câncer mais frequente entre as mulheres brasileiras)
- Câncer de vulva e vagina
- Câncer anal
- Câncer de pênis
- Câncer de orofaringe
- Verrugas genitais (condilomas)
Ou seja, não é uma vacina apenas para mulheres. Homens também se beneficiam diretamente da vacinação, tanto pela prevenção do câncer quanto pela proteção contra verrugas e a redução da transmissão do vírus.
Quem deve tomar a vacina HPV?
Pelo SUS (Sistema Único de Saúde – Brasil):
- Meninas e meninos de 9 a 14 anos
- Pessoas imunossuprimidas de 9 a 45 anos (vivendo com HIV/AIDS, transplantadas ou em tratamento de câncer)
- Pacientes em tratamento para lesões causadas pelo HPV
Na rede privada:
- Pode ser administrada para pessoas de até 45 anos (em alguns países, até 55 anos), com prescrição médica.
O ideal é que a vacinação ocorra antes do início da vida sexual, pois a eficácia é maior quando a pessoa ainda não teve contato com o vírus.
Esquema de vacinação
O número de doses varia conforme a idade e o estado de saúde:
- 2 doses para crianças e adolescentes saudáveis entre 9 e 14 anos (intervalo de 6 meses).
- 3 doses para imunossuprimidos ou pessoas com mais de 15 anos (intervalo de 0, 2 e 6 meses).
A proteção se inicia algumas semanas após a segunda dose e é duradoura, com estudos mostrando eficácia por mais de 10 anos.
A vacina HPV é segura?
Sim. A vacina contra o HPV é segura e amplamente estudada. Desde que começou a ser aplicada, mais de 300 milhões de doses já foram administradas no mundo.
Os efeitos colaterais são, em sua maioria, leves e passageiros, como:
- Dor ou inchaço no local da aplicação
- Febre baixa
- Mal-estar leve
Reações graves são extremamente raras. As vacinas passaram por rigorosos testes antes de serem aprovadas e são monitoradas continuamente pelas agências de saúde.
Por que algumas pessoas têm medo ou recusam a vacina?
A vacina HPV, infelizmente, sofre com mitos e desinformação, o que contribui para baixas taxas de cobertura vacinal.
Alguns dos equívocos mais comuns incluem:
- “A vacina incentiva a vida sexual precoce” → FALSO: Diversos estudos mostram que a vacinação não altera o comportamento sexual.
- “A vacina causa infertilidade” → FALSO: Não há nenhuma evidência científica que relacione a vacina a problemas de fertilidade.
- “Meu filho é menino, não precisa” → FALSO: Meninos também podem ter câncer causado pelo HPV e transmiti-lo a outras pessoas.
A vacinação contra o HPV é uma forma de cuidar da saúde no presente e no futuro. É um ato de responsabilidade e amor.
Vacinar-se é um direito e um dever
O câncer de colo do útero, por exemplo, é altamente evitável com a vacinação e com o acompanhamento ginecológico adequado (como o exame de Papanicolau). No entanto, ainda mata milhares de mulheres por ano no Brasil.
Se pudéssemos evitar o câncer com uma simples vacina, por que não faríamos isso?
Vacinar-se contra o HPV é uma escolha inteligente, segura e baseada na ciência. É também um passo essencial para quebrar o ciclo de transmissão do vírus na sociedade.
A vacina contra o HPV é uma das ferramentas mais eficazes que temos hoje para prevenir diferentes tipos de câncer e verrugas genitais. Sua aplicação é simples, segura e oferecida gratuitamente pelo SUS para crianças e adolescentes de 9 a 14 anos.
Quanto mais cedo a vacina é tomada, maior sua eficácia. Por isso, pais, mães e responsáveis devem ficar atentos ao calendário de vacinação e garantir essa proteção aos seus filhos.
Além disso, é papel da sociedade como um todo combater a desinformação, apoiar campanhas de vacinação e valorizar a prevenção como um investimento na saúde e no futuro.
Vacinar-se contra o HPV é mais do que um cuidado individual: é um compromisso com uma geração livre de cânceres evitáveis.